Descrição
Na colcha de retalhos de Silene Montenegro Barbosa cabem seus inteiros poemas. Inteiros pela emoção que transmitem, não ficam pedaços pelo caminho, meias-palavras. Tece a coberta uniforme do que é dito sem nenhum receio ou pudor, pois precisa proteger do frio da indiferença e das insensibilidades. Por isso nos vai tão fundo no peito, na mente, no olhar, no sentir. Essa é a inteira Silene, liberando o que nos inquieta. Catarse. Respostas em versos, luzes em versos:
Se eu partisse hoje choraria
pelos abraços que deveria ter dado e não dei,
pelas palavras que deveria ter dito e calei.
Colcha de retalhos é feita dos mais variados tecidos: organza, cambraia, seda. A poeta os organiza com versos. Múltiplos. Todos com focos luminosos à família, ao amor, à perda, à vida e também às realizações. Sobretudo à vida, com suas perdas e lucros:
Perder é a tragédia mais constante
da existência humana:
começamos e terminamos perdendo.
Por que não viemos a este mundo preparados para isto?
Por que dói tanto?
Doeria mais, poeta, se não escrevesse e nos brindasse com teu belo livro.
Fecho os olhos e fecho essas palavras com os dois primeiros versos de sua obra:
“Para dizer a verdade,
não sei se sobrevivo sem meus retalhos.”
Rossyr Berny – Editor