Descrição
Prefácio
Lá pelas tantas, pergunta Rossyr Berny: “Meus olhos, eu enxergo ou ilumino?” Iluminas, poeta, iluminas… A poesia ilumina as coisas mesmo quando usa óculos pretos, como naquele teu belo poema Homem-Autômato.
Talvez o homem seja um robô. Mas um robô de Deus. Muito mais complexo que os fabricados pelos homens. Estes últimos apenas têm respostas, ao passo que os robôs-poetas vivem fazendo perguntas, isto é, têm uma coisa chamada inquietação – condição primeira da poesia, porque um poeta satisfeito, apenas satisfaz a si mesmo.
Abramos ao acaso o Homem-Autômato:
“Eu preciso é preciso eu preciso é preciso
nascer outra vez”
Eis aí uma bela solução estilística para expressar a identificação do eu com o impessoal, do individual com o universal. Quanto ao nascer de novo, é coisa que um verdadeiro poeta faz a cada dia. Mas, para nascer de novo, é preciso também um dia morrer. E por isso tudo é que este é um livro sofrido, vivido, inquieto, inquietante.
Mario Quintana