Descrição
DUAS PALAVRAS
De Homem-Autômato a Desuniverso percebe-se uma linha evolutiva da poesia de Rossyr Berny. A linguagem despojou-se dos elementos supérfluos, a temática ampliou-se, a expressão adquiriu maior clareza e contundência. Uma coisa permaneceu fiel ao livro anterior: a insubordinação contínua e a firme recusa em aceitar os códigos vigentes.
Em Rossyr Berny a poesia confunde-se com a prática existencial:
“Meu poema
é meu grito
e meu eco
Minha faca
Com ele avanço
e me defendo”
O autor parece ter realizado uma dupla aprendizagem: o depuramento literário confunde-se com o conhecimento do mundo. Se, em Homem-Autômato, percebiam-se resíduos de uma formação romântica, Desuniverso, no Livro I: Escada inconclusa, insere-se numa linha mais modernizadora do texto lírico. Nele não há espaço para métrica ou rima. Faz com que a palavra poética tenha força própria, sem apelar a outros recursos.
Os tempos talvez tenham mudado. E a inquietude metafísica e social da poesia desse jovem autor é a representação desses dias conturbados do (des)universo.
Enfim, para Rossyr Berny, a poesia é comprometimento com a vida.
Sergius Gonzaga
Professor de Literatura